terça-feira, 24 de março de 2009

Reflexão EPIC 2014

O filme EPIC 2014 testemunha a dimensão gigantesca das tecnologias e a sua vertiginosa evolução. Marca a passagem de uma sociedade industrializada para uma sociedade de informação/conhecimento. Explica como, cada vez mais, num curto espaço de tempo, uma novidade se torna obsoleta evidenciando o poder incontornável da adaptabilidade humana.Com todas estas modificações crescentes, parece natural que todos nos sintamos ainda aturdidos e não menos expectantes quanto ao nosso incerto futuro após 2015. EPIC, patenteia ainda a nossa vulnerabilidade e impotência face ao domínio das novas tecnologias no controle subtil da nossa individualidade.
A possibilidade de aceder à informação no momento é uma das consequências das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no nosso dia-a-dia, com reflexos importantíssimos na nossa educação. Informação escrita, de imagem, de som e de vídeo, permitem-nos aceder a um sem número de possibilidades de um mundo que, apesar de ser virtual, tem reflexos na realidade.Será que o EPIC nos quer dizer que as TIC personalizam a informação de cada usuário, utilizando para fins não muito claros, as suas escolhas, os seus hábitos de consumo, os seus interesses e a sua rede social?
Está em causa o monopólio e manipulação da informação, muitas das vezes falsa e sensacionalista, com vista a atingir um dos direitos fundamentais de cada cidadão: a sua liberdade. A democratização/globalização, das TIC, mostra-nos o controlo mundial que as grandes empresas multinacionais podem exercer nas sociedades, bem como o emergir de novas formas de pensamento que poderão ser impostas subtilmente aos cidadãos. A globalização poderá tender para a uniformização: do indivíduo e da sociedade.
Este é o totalitarismo sem rosto a que José Saramago se refere em «Janela da alma». A máquina invisível que nos empurra, que nos direcciona a todos no mesmo sentido. É esta pressão ou força brutal que nos torna todos iguais, porque, acríticos, nos mantém escravos numa caverna globalmente planetária. Agora o Homem vive na escravatura das suas próprias ilusões, fantasias e ideais onde o que interessa são, unicamente, os bens materiais. Tudo isto em nosso favor ou a favor da saúde económica das multinacionais.
«The machin is Us» é, em si mesmo, um excelente exemplo da potencialidade da Web 2.0, contudo aconselha-se precaução. O filme deverá fazer as pessoas reflectirem sobre a sua relação com as tecnologias. Será que estamos a alimentar a máquina? Ou é a máquina que nos usa a nós?O vídeo examina as mudanças que a tecnologia on-line traz à interacção humana, mostrando a evolução da World Wide Web e as suas implicações sociais e económicas. Estar em rede foi, é e será sempre uma oportunidade, que poderá ser usada em nosso favor, ou, mais frequentemente contra nós, pois poderemos ser programados por alguém que nos conhece muito bem.A prudência apela para que o desenvolvimento quantitativo que as novas tecnologias nos proporcionam, possa desembocar num retrocesso qualitativo que, no pior dos cenários, mostra a extinção da espécie humana tal qual como a conhecemos.
Mesmo com as TIC, o mundo continua substancialmente o mesmo: nas desigualdades, na fome, na guerra, na pobreza e na manipulação dos mais vulneráveis. Esta pode ser também a cegueira a que José Saramago se refere, uma cegueira branca, antítese do nada do escuro, mas plena de tudo que a força da luz teima em ofuscar.


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